Page 70 - Para além do tempo... - 7º ano 2023
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DE: Martim Silva dos Santos, Centro Histórico de Paraty.
               PARA: Zuri Moyo, 87 anos, quilombo do Campinho.



               Paraty, 20 de maio de 2023.



                                                                                 Prezada, Zuri Moyo.


                       Olá, eu me chamo Martin, sou meio tímido, mas pela carta me

               sinto mais seguro em falar sobre mim. Eu sou de Portugal, mas, aos 24
               anos, me mudei para Paraty para continuar a cuidar do bar de meu pai,
               localizado no Centro Histórico. Eu era muito bom no futebol, eu adoro
               gatos, sou evangélico, mas não muito religioso. Sou de altura mediana e

               um pouco acima do peso. Meu livro e filme favorito são 50 tons de cinza.
               Como formação, eu cursei tecnologia em produção cervejeira. Quando

               estou triste, jogo videogame e tomo cerveja.
                       Escrevo para você diretamente de Paraty e depois de ir ao
               quilombo do Campinho com minha amiga, Leonor, para acompanhar um
               turista. A partir disso, gostei e me interessei por seu estilo de vida, por

               isso lhe escrevo. Mas chega de falar de mim, conte-me sobre você. Qual
               é a sua comida preferida? Você gosta de bichos de estimação? Quem é
               a sua melhor amiga? Qual seu filme favorito? Qual é a sua religião?

               Qual é o seu maior sonho? E me conte um fato, uma curiosidade. Estou
               muito ansioso para saber como é a vida no quilombo com maiores
               detalhes.

                       Em Portugal, a vida é simples, nós vamos a escolas e, depois, à
               faculdade. Tentamos arrumar um emprego meio período para dar tempo
               para a faculdade e, em seguida, procuramos um emprego naquilo em

               que nos formamos. Mas, para mim, foi mais simples, pois já sabia que ia
               assumir o bar de meu pai (que não é apenas um bar, pois ele foi
               passado de gerações em gerações e também vende comida). Por isso,
               eu cursei tecnologia em produção cervejeira. Trabalhava no bar do meu

               pai durante os dias e, no período noturno, eu ia para a universidade do
               Porto. Nas férias, trabalhava meio período no bar e, nos finais de
               semana, trabalhava o dia inteiro, pois rendia mais, mas, de vez em

               quando, viajava, com o dinheiro que eu tinha, para países próximos.
                       No entanto, depois que acabei a faculdade, o bar tinha rendido
               bastante, então, decidi expandir os negócios e abrir outra filial no Brasil,
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