Page 74 - Para além do tempo... - 7º ano 2023
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DE: Tadeu dos Santos, 28 anos, quilombo do Campinho.

               PARA: Iara, aldeia Boa Vista.


               Paraty (quilombo do Campinho), 18 de agosto de 2023.



                                                                                               Olá, Iara!



                       Sou Tadeu dos Santos, tenho 28 anos e meu hobby é fazer
               objetos artesanais. Em primeiro, vou me apresentar. Tenho mais ou
               menos 1,87 de altura, sou moreno, tenho cabelos escuros e ondulados.
               Meu signo é virgem, sou cristão e meu prato preferido é feijoada.

                       Moro no quilombo do Campinho, um lugar que é muito longe do
               centro da nossa cidade, Paraty, e tem muita arborização. Gosto muito do

               meu lar, pois vivo neste lugar desde que eu me entendo por gente e
               também porque minha família inteira mora aqui e gosto muito da
               companhia dela.Tenho um melhor amigo, que se chama Juan, e um
               cachorro com o nome de Cleiton.

                       Eu sou um griô, um contador de histórias tradicionais aqui em
               minha comunidade, conto histórias para as pessoas e, assim, elas
               podem se inspirar em nossos antepassados e querer se tornar pessoas

               reconhecidas como eles. Vou te contar uma história de quando fomos
               invadidos por garimpeiros ilegais.
                       Em uma manhã ensolarada, eu estava sentado sob a sombra de

               uma árvore com um grupo de crianças. Era um dia comum para mim e
               estava contando histórias para os mais jovens. Então, foi que eu ouvi
               Juan falando, para outros amigos meus, que ele tinha descoberto que

               havia uma barraca com pessoas desconhecidas e elas estavam com
               ferramentas de mineração. Logo pensei que fosse mentira, porque Juan
               não enxerga muito bem e, portanto, não me importei muito com isso.
               Mas estava enganado, ele começou a falar todos os dias para mim que

               jurava que era verdade e que deveria confiar nele. Eu sempre falava que
               nosso quilombo era muito seguro e que nunca houve uma invasão
               dessas. Porém, fiquei em dúvida e resolvi ficar mais atento.

                       Um dia, estava passando pela mata recolhendo umas frutas. Foi
               quando eu ouvi barulhos estranhos vindo do outro lado da floresta, achei
               que eram só animais, mas comecei a ouvir um barulho de pá e picaretas
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