Page 66 - Revista Digital - Eu pesquisador - 7º ano 2023
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ponto de ônibus. Eles jogaram produto inflamável sobre o seu corpo e atearam fogo em

                  seguida. As chamas tomaram fortes proporções e os jovens fugiram da cena do crime.
                  Galdino, o indígena, teve 95% do corpo queimado, a maior parte com queimaduras de terceiro

                  grau, que são as mais graves possíveis. Depois de lutar pela vida por um dia, o cacique não
                  resistiu e acabou falecendo.


                         Uma reportagem do Brasil de Fato⁴ explica este ocorrido com detalhes. Galdino Jesus
                  dos Santos estava em Brasília com outros integrantes da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe para

                  participar de reuniões com representantes do Governo Federal sobre conflitos fundiários,

                  envolvendo as terras indígenas de seu povo, no Sul da Bahia. Na madrugada de 20 de abril de
                  1997, após participar de eventos do Dia do Índio, ele chegou na pensão onde estava

                  hospedado, na Asa Sul, mas foi impedido de entrar. Sem opção, o agricultor de 44 anos,
                  morador da Aldeia Caramuru Paraguaçu, decidiu repousar num ponto de ônibus a 20 metros

                  do imóvel. Pouco depois, foi acordado com o corpo coberto por chamas.

                         Naquela madrugada, cinco jovens de famílias ricas da capital acharam que seria

                  “engraçado” atear fogo numa pessoa que dormia na rua. Um dos criminosos era filho de um
                  juiz federal. Outro, enteado de um ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Max Rogério

                  Alves, Eron Chaves de Oliveira, Tomás Oliveira de Almeida, Antônio Novely e um menor de

                  idade, todos de 17 a 19 anos, jogaram, sobre Galdino, um líquido inflamável e riscaram
                  palitos de fósforo. Enquanto a vítima era engolida pelas labaredas, o grupo fugia num

                  Chevrolet Monza.

                         Segundo o site Greenpeace⁵, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) lançou um

                  relatório que demonstra a violência contra os povos indígenas no Brasil. A cada ano o CIMI
                  publica um relatório atualizando os dados das violações aos direitos dos povos originários do

                  nosso país.

                         Esse relatório registrou um aumento em 15 dos 19 tipos de violência mapeados pelos

                  técnicos da CIMI. Foram registrados 176 assassinatos de indígenas em 2021. Além do
                  número de assassinatos de indígenas, foi juntamente divulgada a quantidade de suicídios de

                  indígenas, um número de 148 ocorrências, as quais, por sinal, representam o maior número de

                  suicídios indígenas dentro dos últimos oito anos.

                         Foram também reunidos, no relatório, dados sobre invasões possessórias, exploração

                  ilegal de recursos e danos ao patrimônio. No ano de 2021, foram registrados 305 casos de
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