Page 15 - "Enganando a Morte - Contos de quem tentou fugir do destino", do 6º ano (2024)
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Prefácio
POR RENATA GOMES TOLENTINO DIAS LOPES
E MELINA DE OLIVEIRA BARBOSA
O ESTUDO DOS CONTOS POPULARES
Ao analisar textos narrativos, ou seja, do universo do contar uma
história, é essencial passar pelas narrativas orais e pela sabedoria popular.
Nesse trajeto, os sextos anos do Colégio Santa Clara, em 2024, durante
seus estudos da disciplina de Língua Portuguesa, puderam explorar
facetas da cultura brasileira a partir da escuta de causos e, depois, da
leitura de exemplares do gênero textual conto popular.
Luís da Câmara Cascudo, considerado um dos maiores folcloristas
brasileiros, dedicou sua vida à pesquisa e registro da cultura popular do
país, tendo publicado o livro Contos Tradicionais do Brasil em 1924. Ele
destaca que essas narrativas revelam os saberes gerais de um povo, sua
psicologia, o heroico de seu cotidiano, enfim, a verdadeira história das
pessoas desde tempos remotos, sendo um material artístico expressivo
que ajuda o homem a se conhecer. Os contos populares tradicionais, de
acordo com o folclorista, vindo de uma antiguidade, revelam a memória,
imaginação e mentalidades de uma sociedade, sendo neles que são
encontrados os primeiros heróis, suspiros de terror ou curiosidade,
sonhos e deleite desde as histórias fabulosas ouvidas na infância.
Entre todos os personagens que habitam esse tipo de narrativa, no
sexto ano exploramos aquelas em que figuravam o caipira, ou seja, o
cidadão de costumes oriundos de áreas rurais do interior do Brasil,
principalmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais, e com
identidade ligada ao campo. Olhamos para um modo de vida caipira, com
o fogão a lenha, o café coado, os quitutes e bolos, as hortas e pomares,
as vacas no curral, o passeio a cavalo, as prosas de pescador. Muitas vezes,
o termo caipira é usado com sentido pejorativo, por puro preconceito dos
modelos urbanos, como se ser caipira fosse ter menos instrução ou ser
inferior. Porém, a partir da literatura, pudemos ver que, pelo contrário, o
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