Page 58 - Para além do tempo... - 7º ano 2023
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DE: João Antônio, 65 anos, Centro Histórico de Paraty.
               PARA: Iraci, 64 anos, aldeia Boa Vista.



               Paraty, 11 de setembro de 2023.
                                                                                               Oii, Iraci!



                       Como está? Meu nome é João Antônio, tenho 65 anos e sou muito
               sábio sobre o Centro Histórico de Paraty, pois eu vivi a minha vida inteira

               nesta cidade. Meu pai era guia turístico e ele queria que eu seguisse o
               mesmo caminho que ele, por isso trabalhei muito e hoje sou guia
               turístico também.
                       A cidade de Paraty foi fundada no período colonial. Hoje, minha

               cidade é conhecida pelo estilo de arquitetura das casas e das ruas,
               assim como pela sua cultura e forma de vida das pessoas. As ruas ficam

               perto do mar e, por causa disso, quando chove forte, as ruas e casas
               ficam alagadas, mas, para conter isso, as pessoas de Paraty tiveram a
               ideia de fazer as ruas com quarenta centímetros acima do nível do mar.
                       Quando os portugueses vieram para o Brasil, trouxeram vários

               costumes e um deles é a cultura católica, que, por ser tão rígida,
               segregava os fiéis em três igrejas distintas. Uma delas é a de pardos.
               Outra era reservada aos negros. Também havia uma para os brancos,

               pois eles não queriam que os pardos e pretos ficassem na mesma igreja
               que os brancos.
                       Em Paraty, há uma lenda famosa, que é a chamada de O boto cor

               de preto, que é sobre as ruas alagadas. Nelas, haveria um boto que
               comeria as pessoas que nelas estivessem. Tenho medo dele, pois ele
               quase comeu a mãe do meu amigo e, para todos os turistas, os

               moradores contam esta história curiosa.
                       Quando eu tinha sete anos, meu pai me abandonou e tive que
               viver com meus avós e minha mãe. Dos nove aos dezessete anos, tive
               que trabalhar na fazenda dos meus avós e, aos dezoito anos, tive que

               vender balas, feitas pela minha mãe, nas ruas. Quando tinha trinta anos,
               minha mãe faleceu e tive que trabalhar de marceneiro e eu perdi um
               olho.

                                                                           Conto com sua resposta!
                                                                                          João Antônio
                                 (Felipe Riecken Alves do Amaral e Pedro Ferrari Mingione)
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