Page 56 - Para além do tempo... - 7º ano 2023
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fundação teria ocorrido em 25 de outubro de 1596, com a expedição de
Martim Correa de Sá.
Acho que já perceberam de onde veio meu nome, né?
De tantas vivências ocorridas aqui, decidi contar sobre como
conheci a Ana…
Ela veio de uma família africana rica e eu sempre fui muito
humilde. Nós nos conhecemos quando tínhamos 13 anos, lá na nossa
escola. Eu sempre a achei muito linda, mas nunca tive coragem de falar
com ela. Então, o único jeito que achei de chamar sua atenção foi
começar a irritá-la. E adivinhe? Deu certo. A Ana começou a prestar
mais atenção em mim e começamos a conversar bem mais. Mas, em
seu aniversário de 15 anos, eu decidi que ia me declarar para ela. Eu
sabia que gostava muito dela, então, eu me declarei. Nunca fiquei tão
nervoso como naquele dia, mas eu fiquei surpreso. A Ana disse que
também sentia o mesmo. Fiquei tão feliz por saber que ela gostava de
mim, mas quando os pais dela ficaram sabendo, tudo foi por água
abaixo. O pai dela a proibiu de me encontrar! Nós dois ficamos muito
mal, porém como nossas situações financeiras eram tão diferentes,
nossos pais nos obrigaram a ficarmos separados até, no mínimo, os 18
anos. Eu senti muita raiva e medo, contudo, sabia que era jovem demais
pra tentar fazer alguma coisa contra os pais dela. Assim, nós vivemos
nossas vidas normalmente, conhecemos outras pessoas, fomos de
grupos diferentes e acabou que nos separamos depois da escola.
Passaram-se muitos anos e, por incrível que pareça, eu e Ana
raramente nos víamos nas ruas de Paraty. Até que nós dois fomos para
uma universidade próxima de Paraty e, finalmente, começamos a
conversar de novo. Eu e Ana começamos a namorar e, depois de 3
anos nos casamos…
Demorou, mas deu certo.
Talvez você pense e ache estranho eu ter contado justo essa
história, mesmo tendo várias aqui em Paraty, mas de todas as histórias
da minha vida, essa foi a mais especial.
Com carinho,
Afonso
(Luiza Siequeroli Olmos e Manuela Partezani D’Urso Saavedra)