Page 103 - Para além do tempo... - 7º ano 2023
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DE: Mia Akello, 16 anos, quilombo do Campinho.
PARA: Nala Mbyá, 15 anos, aldeia Boa Vista.
Olá, Nala!
Meu nome é Mia Akello. Eu moro no quilombo do Campinho, em
Paraty. Aqui vivo com minha família, meu pai, minha mãe e meus dois
irmãos. Ah! E meus sete gatos, kkkkk. Nem preciso falar que amo
bichos, não é? Meu pai não é de origem africana, ele nasceu em Santa
Catarina e é descendente de alemão, mas veio morar aqui quando se
casou com a minha mãe.
Eu também tenho uma melhor amiga, que se chama Lúcia e vive em
uma casa ao lado da minha. Eu e ela temos muito em comum, ela é
maravilhosa, eu a amo, e nós duas temos 16 anos e estamos no Ensino
Médio. Não é à toa que nossos signos são o par perfeito haha. O meu é
aquário e o dela é gêmeos. Quantos anos você tem? E qual a data do
seu aniversário?
. Quando vou à praia, eu meio que faço contas para administrar o
tempo lá, porque sempre tenho que voltar às 18 horas, pois, caso
contrário, meus pais brigam comigo. Nesse tempo, passo horas lendo
e relendo meu livro preferido Amor e gelato, melhor livro do mundo!!! É
uma dica, leia e depois me conte se gostou.
Agora irei contar outras curiosidades sobre mim. No meu tempo
livre, além de pescar e ir à praia depois da aula, gosto de tocar ukulele e
ler livros sobre homens e mulheres africanos importantes para a história
do mundo e conversar com minha amiga, pintando quadros na praia.
Nós adoramos arte. Nosso pintor favorito é o Romuald Hazoumè, que
nasceu em Benin, que fica na África ocidental. Você conhece ?
Outra coisa é que sigo a religião do candomblé, que é seguida pela
maioria dos africanos, mas, aqui no quilombo, existem pessoas que
seguem vários tipos de religião, como a católica, a evangélica e a
umbanda.
Agora, irei falar um pouco sobre a história do quilombo do
Campinho. Primeiro, vou falar o que significa um quilombo, você sabe?
quilombo é basicamente povoação composta por escravos negros
fugidos da escravidão. O nosso formou-se a partir de três mulheres
incríveis que fugiram da escravidão e chamavam Antonica, Marcelina e