Page 245 - "Enganando a Morte - Contos de quem tentou fugir do destino", do 6º ano (2024)
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muita comida, música Nordestina e festança. José passou a tarde
inteirinha lá, se divertindo como nunca, quando o caipira percebeu um
pobre homem em sua barraca, triste e isolado. Zé Malaqueres, ao ver isso
acontecendo, resolveu ir até lá para entender:
— Oi, cê tá bão? - perguntou Zézinho.
— Nem tanto! Eu tô aqui deis das oito da manhã e não vendi
nenhuma maçã até agora! - replicou seu Jorge.
— E quanto tá sua maçã?
— Tá só dois real, mas procê faço por só um.
— Beleza, vô quere todas pra dá pro meu burro!
E assim passaram o resto do dia conversando e comendo, como
se fossem velhos amigos. Estava tudo bem, até que José viu uma
assustadora criatura de capa preta se aproximando. Assim que o ser
chegou mais perto, Malaqueres viu que era a Dona Morte indo levá-lo.
Após isso, a Morte disse:
— José Silva Malaqueres, a sua hora chegou.
— Óia, como assim sô!!? Eu sô muito novo pra morrer.
Rapidamente, ele bolou um plano:
— Tá bão, eu vô contigo mas quero antes ver minha família!
A Morte desconfiada aceitou o pedido. Depois de chegarem na
casa de Malaqueres, ele disse:
— Vish, meu filho num tá em casa. A senhora me promete que só
vai me levar se eu der tchau ao meu filho?
— Prometo - disse a Morte.
José saiu andando como nada tivesse acontecido, dizendo que
não tinha filho nenhum, e a Morte não poderia levar ele. A Morte, com
raiva, saiu bufando se sentindo contrariada.
Zé viveu muitos e muitos anos, até que conheceu uma bela
mulher, com quem namorou, se casou e, depois de esperados nove
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