Page 121 - "Enganando a Morte - Contos de quem tentou fugir do destino", do 6º ano (2024)
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João Malandrão ia passando. Jeremias se lamentava pela perda de seu
cavalo. João Malandrão perguntou:
— Oh, senhor Jeremias, o que aconteceu, uai!
— João… O meu cavalo alazão se foi, dele só resta saudade.
Malandrão prometeu ajudar. Pegou um gato preto e enfiou cinco
moedas em seu traseiro.
Então, foi com o gato na bolsa procurar a Morte, que devia estar na
vila, atrás de alguém. Realmente, ela estava lá acariciando “seu” novo
cavalo.
Devagar, o João foi chegando e fazendo seu relato ali perto, bem
alto para a Morte ouvir:
— Vejam só minha sorte! Encontrei um gato que é uma usina de
moedas.
E assim, apertou o gato e saiu uma moeda dele. A Morte estava
desconfiada e foi tirar satisfação:
— É claro que é mentira! Isso é uma perda de tempo, duvido que
seja verdade!
— Óia, mas é verdade! - disse João apertando a barriga do gato mais
uma vez. E novamente saiu uma moeda do animalzinho.
A Morte, quando viu aquilo, ficou espantada e se apaixonou pelo
gatinho. Então falou com a mão levantada:
— Eu troco esse cavalo alazão pelo seu gato!
— João aceitou, fez a troca e devolveu o cavalo para o compadre.
A Morte foi em um beco e apertou o gato três vezes. Só que, na
quarta vez, subiu um cheiro muito ruim. E a Morte, falou:
— Mas é agora que eu pego esse menino!
E foi assim que o Malandro deve ter ido dessa para melhor.
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