Page 75 - "Enganando a Morte - Contos de quem tentou fugir do destino", do 6º ano (2024)
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— Eu te dou dinheiro. O João, com uma cara muito estranha,
respondeu novamente: — Estou indo e já volto! Virou e foi embora.
Depois de algumas horas, João voltou, com a cabeça para baixo, pois não
havia passado no emprego. O pescador o viu e o chamou para conversar.
O João, interessado, falou:
— Ocê lembra quando falou que ia me dar dinheiro? Como isso
funciona? O pescador falou que a cada 22 horas, João podia pedir alguma
coisa. O João lhe disse:
— Que bão, eu aceito - só que tem um porém: ele vai ter que ser o
melhor amigo do pescador. Ele aceitou do mesmo jeito, pois também
não tinha amigos.
Os dias foram se passando e João só pedia dinheiro. Mas ele ficou
vendo que o dinheiro dele ficava sumindo. Ele achava que eram pessoas,
mas era ele quem gastava mesmo. Então, depois de 22 horas, João pediu
ao pescador 300 barras de ouro, que se alguém encostasse ficaria
paralizado. O pescador disse:
— Mas João, a pessoa ficaria paralisada para sempre? O João disse
que ele e o pescador podiam tirar a pessoa dali. Então, o pescador
realizou aquele pedido. João gastava o ouro dele, saia dali e ficava pedindo
mais e mais.
Num dia bem chuvoso, o João estava em sua fazenda pensando qual
ia ser o seu próximo desejo. Ele estava adorando aquilo, até que ouviu
galinhas gritando lá fora, mas as deixou e só pensava e pensava. Ficou
ouvindo por muito tempo. Até que ele ficou irritado e foi lá e disse:
— Ocês o que, que, que, que, que. Ficou gaguejando, pois viu a
Morte, com a sua foice, indo para cima dele. Ele correu para a fazenda e
gritou. A Morte tentou acalmá-lo, mas ele estava com medo.
— Calma João, só quero te levar, chegou a sua hora.
O João olhou para a Morte e disse:
— Ocê não pode me levar! Ele sabia que a Morte estava a um passo
à frente do ouro, então falou para a Morte dar um passo para trás para
eles conversarem. Quando a Morte deu o passo, ela ficou paralisada.
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