Page 55 - "Enganando a Morte - Contos de quem tentou fugir do destino", do 6º ano (2024)
P. 55
Um dia, Dona Zefa estava em sua casa e, como ela sempre fazia,
estava resmungando com seu gato, dizendo como ela era pobre e
miserável, e dizia:
— Oia, ocê num sabe como é ruim essa vida de pagar contas e mais
contas, e nem sobra dinheiro para comprar coisas pessoais, e ocê vivendo
do bão e do mió.
Mas, de repente, ela viu um vulto em sua janela e sentiu um cheiro
de enxofre terrível. Então, ela ouviu alguém batendo na porta. Quanto
mais se aproximava da porta para abri-la, o cheiro ficava cada vez mais
forte. Quando abriu a porta, viu uma senhora corcunda com a pele alva
e com a veste preta e rasgada, que disse em seguida, com a voz rouca:
— Olá Zefa, eu sou a Morte.
O rosto de Zefa ficou pálido. Em seguida, ela disse:
— Óia, minha senhora, eu tô ótima! A que devo essa sua visita?
Zefa estava suando e morrendo de medo de bater as botas. Então, a
Morte falou:
— Ora, Zefa, vim te levar.
Zefa deu um sorriso sutil, pois ela estava tramando algo para não
bater as botas, e disse a Dona Morte com um ar de coitadinha:
— Querida Dona Morte, tenha piedade, me dê só mais um dia de
vida, ocê num tem pena de mim, eu sou uma pobre senhora, muito
sozinha. Priorize outras pessoas, eu sou a que menos importa nesse
mundo.
A Morte começou a ficar com pena e falou:
— Olha Zefa, vou te dar mais um dia, pois você não é minha
prioridade. Mas amanhã eu baterei em sua porta novamente, então se
prepare.
Na mesma hora em que Dona Morte desapareceu com uma fumaça,
Zefa começou a arrumar as malas, pegou todos os bens que tinham valor,
cortou o cabelo e até enfiou o gato na mala. Roubou o cavalo do vizinho
53