Page 165 - "Enganando a Morte - Contos de quem tentou fugir do destino", do 6º ano (2024)
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— Ocê veio aqui na minha casa para quê?
                A Morte respondeu:

                — Está na hora de você vir comigo.
                A Velha respondeu:
                — Já? Mas está muito cedo para eu bater as botas.

                Após isso, a velha disse:
                — Tudo bem, então. Mas só deixa eu acabar de fazer esse doce aqui,
            tá?

                A Morte então respondeu:
                — Claro, eu espero!
                A Morte percebeu que estava demorando muito para aquele docinho
            acabar de ser feito. Então, ela resolveu perguntar:
                — Quando é que você vai acabar esse docinho?

                A Velha respondeu:
                — Eu falei que, quando acabasse esse docinho, eu ia com você, mas
            nao falei quanto tempo iria demorar.

                A Morte precisou ir embora, e foi brava.
                Anos depois, chegou o aniversário da Velha Malandra e todos foram
            visitá-la. Estava a maior festa. Todos amaram e levaram presentes. O
            netinho foi até a loja da vó fazer um docinho para ela, mas o docinho que
            ele fez foi aquele que a vó falou à Morte que, depois que acabasse, poderia
            bater as botas. Quando chegou na festa com o docinho feito e o deu para
            a Velha, ela olhou, olhou e observou bem aquele docinho, e descobriu
            que era aquele da Morte. Então, exatamente naquele instante, a Morte
            chegou para ela.
                Uma coisa que sempre digo é que ninguém, nunca, nunca mesmo
            engana ou foge da Morte.





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