Page 156 - "Enganando a Morte - Contos de quem tentou fugir do destino", do 6º ano (2024)
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O trato da bruxa com o malandro Zeca

            POR GABRIEL MORAES DE MACEDO MOURA



                Um primo de um amigo meu me disse que essa história aconteceu
            em Simões, no Piauí, com um homem baixo, fraco, humilde e malandro,
            de nome Zeca. Sua malandragem já o salvou de muitas coisas.
                Numa  manhã,  Zeca  caminhava  até  seu  trabalho,  na  roça  de  seu
            patrão. O humilde homem costumava ajudar os pobres necessitados da
            região, mas naquela vez não pôde, pois seu pagamento estava atrasado.
            Zeca bolou um plano para recuperar seu dinheiro. Foi à beira da estrada
            e pegou um pássaro qualquer, igual a uma rolinha, e falou ao seu patrão:

                — Dotô, ocê não acredita!
                — Lá vem ocê bancá o malandrão! - disse o patrão, com a voz bem
            grossa e irritada.

                — Jamais, patrão! Vim falá ao senhô que achei essa rolinha que prevê
            o futuro! - falou Zeca, deixando o patrão bem curioso.

                — Ocê me vende ela por quanto? - perguntou o doutor.
                — Pra ocê sai mais barato, três vezes mais meu salário  - disse o
            malandro.

                O salário de Zeca não era tanta coisa, então o patrão pagou. Com o
            dinheiro, Zeca deu o que comer aos pobres. Descobrindo que a rolinha
            não fazia nada, o patrão de Zeca o demitiu. Saindo triste do trabalho, o
            homem encontrou uma bruxa na cabana, que perguntou a ele:

                — Por que choras?
                Zeca contou o acontecimento. Acabando a história, a bruxa falou
            que tinha como ajudá-lo. Ela fez uma proposta a Zeca, que foi a seguinte:
                — Você vive uma vida de riquezas, PORÉM, no seu aniversário de
            99 anos, meia-noite, minha amiga Morte vem te buscar.

                Zeca aceitou.


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