Page 103 - "Enganando a Morte - Contos de quem tentou fugir do destino", do 6º ano (2024)
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— Boa tarde, poderia chamar seu pai, por gentileza?
Assim a menina respondeu:
— U que ocê quer?
— Tenho algo para falar com ele, é urgente!
A filha, que não era nada boba, sabia que a única criatura de que se
tinha registro nas redondezas com capuz era a Morte! Então, ela disse:
— Uai! o pai num tá, volte depois!
A Morte estava se questionando bastante, mas como sabia que Maria
era uma das três irmãs mais inteligentes da roça, decidiu que seguiria sua
ordem.
Depois de alguns dias, lá estava a Morte de novo, mas, dessa vez, ela
decidiu que chamaria o pai de qualquer forma:
— Olá, você conseguiria chamar seu pai, por favor?
Quem atendeu a porta foi Maria novamente. Ela sabia que, dessa
vez, não haveria mais jeito de mentir.
A menina não sabia como enganar a Morte dessa vez, mas, após
pensar por alguns minutos, ela teve uma brilhante ideia. Assim, foi até a
Morte com seu pai, uma vela e um isqueiro. Chegando lá, disse:
— Ele tá aqui!
A Morte falou para o homem que sua hora havia chegado. Ele
aceitou, e iria ceder, até que Maria respondeu:
— Num vai não, ele vai ficá aqui até essa vela se apagá, mas a única
que poderá fazer o meu pai batê as botas será ocê, Dona Morte!
A Morte viu que não tinha tanta pressa assim, então falou que, após
um tempo, voltaria para apagar a vela. Mandou a menina acendê-la, e
assim foi feito. Mas o que ela não viu foi que, quando saiu, Maria havia
apagado a vela, fazendo com que a Morte não pudesse mais apagá-la para
o pai bater as botas. A filha mais nova conseguiu safar seu pai dessa vez,
mas será que da próxima ela irá conseguir?
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